Foi no longínquo ano de 1511 que os primeiros portugueses chegaram a Ayutthaya, que era na altura a capital do reino de Sião, numa missão diplomática chefiada por Duarte Fernandes (a mando de Afonso de Albuquerque). A visita surgiu na sequência da conquista portuguesa de Malaca, península na qual o reino do Sião tinha grandes interesses e influência, e tornou Portugal na primeira nação ocidental a estabelecer contactos com o Reino de Sião.
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A comitiva foi muito bem recebida na corte do então rei Ramathibodi II tendo regressado a Malaca com um enviado siamês e oferendas para o Rei de Portugal, sendo que mais tarde foi estabelecido um tratado formal que deu aos portugueses o direito de estabelecer comércio no Reino de Sião. Foram também concedidas terras a Portugal para que os lusos se pudessem estabelecer em Ayutthaya. Estava lançada a primeira pedra no que se veio a tornar a aldeia portuguesa (Ban Protukét) de Ayutthaya, que chegou a ter mais de 3000 pessoas e que apenas foi abandonada em 1767, ano em que a capital do Reino de Sião capitulou ante o exército birmanês.
Nós chegamos a Ayutthaya 501 anos depois, e apesar de estarmos seguros de que a nossa presença na antiga capital do reino de Sião não será tão memorável para os autóctones como a dos portugueses de outrora (e que estará longe de algum dia figurar num manual de história, por mais modesto que seja), ainda assim “aportamos” em Ayutthaya com um grande entusiasmo e espirito de descoberta, “ quiçá” herança genética dos nossos antepassados.
Também o meio de transporte escolhido foi “ligeiramente” diferente dos nossos antepassados. Trocamos as caravelas pelo “pouca terra” (também conhecido por comboio) e em vez de partirmos de Malaca partimos de Bangkok. Sinais do tempo. O que parece ter parado no tempo são os preços e a velocidade do comboio que liga Bangkok à antiga capital da Tailândia. Os 71 kms que as separam, demoram entre duas a duas horas e meia a serem percorridos (depende do comboio) e custam uns módicos 15 baht ou 20 baht (40 ou 50 cêntimos de euros) em terceira classe. Não esperem luxos, mas esperem autenticidade!
Como ir de Bangkok para Ayutthaya
Existem várias opções para ir de Bangkok para Ayutthaya: autocarro, tours privados, vans, minibus, barco e comboio.
Nós optamos por ir de comboio pois, para além de ser um dos nossos meios de transporte favoritos, é também o mais barato para ir de Bangkok para Ayutthaya.
A viagem de comboio de Bangkok para Ayutthaya não é de todo rápida, demorando cerca de 2-3 horas para percorrer os poucos mais de 70km que separam as duas cidades mas em nossa opinião é ainda assim a opção mais agradável e autêntica para ir até Ayutthaya.
Relativamente aos bilhetes, o comboio tem duas opções: a segunda classe– com assentos mais confortáveis e ar condicionado, e a terceira – com assentos menos confortáveis e sem ar condicionado. Apesar de ambas as opções serem baratas a diferença de valores entre a segunda e a terceira é gigantesca. A viagem na segunda classe custa cerca 300 bahts (cerca de 8€) mas a viagem na terceira classe custa apenas 20 bahts (50 cêntimos). Como já referimos no artigo nós fomos em terceira classe e correu tudo bem.
O complexo histórico de Ayutthaya fica localizado numa ilha, na confluência de 3 rios (o rio Chao Phraya, o rio Lopburi e o rio Pa Sak), e como a estação de comboios de Ayutthaya fica localizada fora da ilha a maneira mais económica de lá chegar é apanhar um barco (a alternativa é apanhar um dos muitos e extravagantes tuk-tuks, que povoam as saídas da estação).
Nada como repor energias com um petisco tailandês num dos muitos “street vendors” que rodeiam a estação de comboios |
Uma vez do lado de lá temos um verdadeiro mundo à espera de ser explorado. É que o complexo histórico de Ayutthaya é realmente gigantesco e tem dezenas de monumentos e ruinas para se visitar. Escusado será dizer que é de todo impossível visitar todo o complexo num só dia, por isso tivemos que fazer as nossas escolhas e dar muita “corda às sapatilhas” pois os monumentos/ruinas mais importantes estão muito distantes uns dos outros (uma boa ideia é alugar uma bicicleta). Aqui iremos referir apenas as atracções mais importantes, de forma a não adormecer quem nos lê.
Começamos a visita pelo Wat Phra Mahathat, cujas ruínas vão desafiando a gravidade. Apesar da destruição causada pela invasão birmanesa ainda conseguimos ser arrebatados pela sua monumentalidade e não conseguimos deixar de imaginar a beleza que teve noutros tempos (sobretudo depois de termos visitado os templos de Bangkok).
Mas não são as ruínas per si o maior highlight do Wat Phra Mahathat. Aquilo que o torna internacionalmente conhecido é a misteriosa árvore que cresceu em redor da cabeça de um Buda. Estamos certos que muitos de vós já viram esta imagem.
Uma vez visitado o Wat Phra Mahathat percorremos o trilho pedestre que o liga ao imponente Wat Phra Si Sanphet, o maior templo de Ayutthaya. Pelo caminho, que rodeia lagos e atravessa verdejantes jardins, são várias as ruinas que vão surgindo no nosso caminho. O único problema da caminhada foi o calor infernal que se fazia sentir. Esse facto tornou a mesma em algo mais para o penoso do que para o aprazível. Mas também isso faz parte da viagem…
Até dá para pescar e tudo! |
Wat Phra Ram |
Uma vez no Wat Phra Si Sanphet deixamo-nos maravilhar pelas suas imponentes estupas à medida que íamos percorrendo as ruinas do templo.
Daí seguimos para o vizinho e restaurado Viharn Phra Mongkol Bopit, casa de um dos maiores Budas de bronze da Tailândia e local de peregrinação para os budistas locais.
O dia aproximava-se do seu fim mas não podíamos deixar Ayutthaya sem uma visita à aldeia portuguesa que fica localizada já no exterior da ilha (apenas os siameses podiam habitar na ilha naqueles tempos). Para lá chegar tivemos de apanhar um tuk-tuk pois a distância da ilha à aldeia dos nossos antepassados é mesmo muito grande e não existem transportes públicos para lá.
Pelo caminho paramos ainda no Wat Chaiwatthanaram, provavelmente o templo mais fotografado de Ayutthaya. Consegue-se perceber porquê!
Chegar ao Ban Protukét (ou Portuguese Settlement, como vem indicado no folheto turístico) não se revelou tarefa fácil para o nosso condutor de tuk-tuk, que teve de parar uma boa meia dúzia de vezes para perguntar indicações. Parece que não são muitos os turistas a visitar a herança lusa de Ayutthaya e a razão é óbvia. É que da nossa presença na antiga capital siamesa apenas restam algumas ruínas com o grande destaque a ir para as ruinas da Igreja Dominicana de São Pedro, que estava a ser restaurada.
Fachada da Igreja Dominicana de São Pedro |
Ruínas e traseiras da Igreja de São Pedro |
Escavação arqueológica – esqueletos dos nossos egrégios avós |
No seu interior podemos ver, numa escavação arqueológica, os esqueletos de alguns dos nossos antepassados. Pode não ser um dos grandes highlights de Ayutthaya, mas para nós que somos portugueses foi o final perfeito desta nossa visita à antiga capital do que é hoje a Tailândia.
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Estou rendido à vossa viagem… que cultura tão diferente mas tão apetecível de conhecer
Mas sim, Anabela e Alexandre, esta crónica já tem lugar cativo na nossa História! 🙂
Beijinhos.
Oi, pessoal. Tudo bem?
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
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Até mais,
Natalie – Boia Paulista
Olá Fábio. O Sudeste Asiatico foi para nós um banquete de novas sensações. Ainda bem que estamos a conseguir transmitir-te algumas delas 🙂
Abraço
Olá Clara. Eh eh eh! Já esta imortalizada 🙂
Bjs
Olá Natalie. Por aqui tudo bem. E por esse lado do Atlantico? Já fomos espreitar o Viaje na Viagem. Obrigado pelo destaque!
Até breve!
Estive recentemente em Ayutthaya e adorei. Foi meu lugar favorito na Tailândia. Parabéns pelo post e fotos!
Olá Rafael. Nós também adoramos! Obrigado pela visita e pelo comentário!
Abraços
Olá Vagamundos:
Como sabes, estive na Tailândia recentemente (obrigada pelo comentário no blog)e tb estive em Ayutaya. Enquanto lá estive não me apercebi da relação dos portugueses com essa zona (obrigada por acrescentares essa informação) e infelizmente a nossa guia não nos levou a essa igreja. Aliás, a maior parte dos tailandeses nem sonha onde fica Portugal. Se lhes falarmos em Espanha ou Cristiano Ronaldo são capazes de lá chegar 🙂 Fomos obviamente ao wat phra mahathat, mas também ao wat lokayasytharam (outro buda reclinado)muito bonito.