310km percorridos
503km para Santiago
Quem diria que um dia de 13kms nos ia deitar tanto abaixo! O plano inicial era fazermos cerca de 20km neste dia, mas como não tínhamos lugar para dormir em Hornillos del Camino, tivemos que encurtar a etapa só até Rabé de las Calzadas. Crentes que sendo mais curto o dia seria também mais positivo, despedimo-nos de Burgos com redobrada vontade de continuar o nosso Caminho.
A etapa em si não foi do mais agradável.
A saída de Burgos são mais de 3km por zona urbana asfaltada, o que para nós se traduziu em pés moídos. Belo começo.
A partir dali, a pista de terra batida segue quase sempre a bordejar a N-120, a autoestrada do Caminho.
O ruído dos carros não é a banda sonora mais agradável para estes dois peregrinos, consequentemente, começamos a sentir uma certa tensão por parecer que nunca mais saímos da cidade grande. Para além disso, os constantes tuneis, viadutos ou passagens aéreas dava-nos a sensação de andarmos às voltas em vez de estarmos a seguir em frente.
Apesar do sol brilhar o dia inteiro, o vento frio que se levantou não nos largou um minuto. Isto ainda nos veio apoquentar mais já que temíamos que nos piorasse a constipação que já se instalara. Precisávamos de nos agasalhar mas, com o calor, suávamos imenso debaixo dos impermeáveis. Começamos a maldizer a nossa sorte.
Atravessámos Tardajos sem nos fascinarmos pelo seu ar quase medieval, mas reparamos que as suas ruas estavam vazias de gente. Tirando os peregrinos que a cruzavam, a aldeia parecia não ter vivalma.
Apenas um par de quilómetros adiante, chegaríamos ao destino do dia. Sempre sobre asfalto, sem bermas de terra batida para aliviar os pés, por entre os queixumes do troço percorrido nesse dia, demos por nós a questionarmos “porque é que continuamos?”, se ninguém parecia valorizar o que fazíamos.
Mas o melhor estava ainda para vir! Na nossa chegada ao albergue, as primeiras palavras que uma peregrina nos dirigiu foram de desdenho, e a receção por parte dos hospitaleiros foi estranha e fria, fizeram-nos sentir forçados a jantar ali. Lá pagámos a nossa refeição a bom preço, pensando que seria reconfortante usufruir de comida caseira. Tão enganados que estávamos. Caldo de letria, 2 fatias de tortilha de batata e salada foi o que merecemos pelos nossos 16 euros.
Como se não bastasse, nunca havíamos estado tão desconfortáveis numa mesa partilhada com os outros. Não se gerou qualquer tipo de diálogo pois cada grupinho falava apenas na sua língua. Infelizmente, alemão, italiano e francês não nos são línguas estranhas e a partir do momento em que nos apercebemos da indelicadeza de algumas observações, resolvemos comer a nossa refeição em silêncio.
No Camino, o peregrino pode ser levado a desistir pelas dificuldades, sabíamo-lo e temíamo-lo. Mas também pode ser levado a desistir pelas pessoas e este era um cenário para o qual não estávamos minimamente preparados.
Etapa Anterior: De Agés a Burgos
Etapa Seguinte: De Rabé de las Calzadas a Hontanas
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Caso para dizer que o Caminho nem sempre é um mar de rosas…
Melhores dias virão!!!
Por aqui a admiração continua inabalável…! 🙂 🙂 🙂
Vou seguindo a vossa aventura…
Coragem! As pessoas à nossa volta são. por vezes, o nosso maior obstáculo.
Beijinhos.
Ola Clara!
O Caminho está longe de ser um mar de rosas. Por vezes, a paisagem não chega para colmatar as dificuldades que o peregrino tem que enfrentar. O nosso obrigado por nos acompanhares… diariamente!
Beijinhos
Olá Teresa!
Ficamos muito contentes de te revermos por aqui 🙂 As tuas palavras dão que pensar…
Beijinhos
Olá vagamundos, este vosso relato deixou-me pensativa e tocou-me especialmente, isto porque para mim e ao longo de toda a minha vida os "outros" sempre foram o maior motivo de desanimo, sou muito sensível à aspereza e indelicadeza e por isso compreendo a vossa frustração neste dia. Sinceramente pensei que aqueles que decidem empreender o caminho seriam sempre pessoas solidárias, bem intencionadas e acolhedoras, até porque esse é um caminho de fé, mas pelos vistos enganei-me…
Olá Anónima!
Também julgávamos que a parte humana não seria um problema para nós. O Caminho, quer se trate do Caminho de Santiago quer se trate do Caminho da Vida, é sempre feito de pessoas e elas influenciam o nosso percurso, tal como nós influenciamos o delas. Todas as atitudes que presenciamos levaram-nos a reflectir muito sobre as relações humanas, até mesmo a dureza dos outros acaba por ser uma experiência de aprendizagem.
Obrigado pela tua partilha!