650km percorridos
163km para Santiago
Hoje a montanha esperava por nós, naquela que é considerada por muitos como a etapa rainha do Caminho Francês! E para abrilhantar a nossa ascensão ao emblemático Cebreiro fomos brindados com um fantástico dia de sol! Não podíamos ter pedido um dia mais bonito para apreciar a natureza em todo o seu esplendor. A subida é dura, muito dura, mas a paz, a beleza do caminho e as soberbas paisagens dos montes e vales ajudam muito a superar as adversidades. E foi também dia de nos despedirmos da província de León y Castilla, onde percorremos mais de 400 intensos e emotivos quilómetros, e entrar na Galiza, a província de Santiago.
Mas o início do dia esteve longe de ser bom. O dia não só acordou nublado, como os 17km que separam Villafranca del Bierzo e Valcarce são todos percorridos pela borda das estradas nacionais e secundárias. O que vale é que o caminho é plano.
Quando chegamos a Vega de Valcarce estávamos visivelmente desgastados, a precisar urgentemente de recuperar a serenidade, que o barulho dos carros nos havia roubado, e de repor energias para a grande subida ao Cebreiro.
Decidimos fazer um almoço prolongado em Vega, escolhendo um pequeno restaurante à beira do rio para o efeito. Foi uma boa decisão pois a pausa foi miraculosamente retemperadora. Avançamos assim para a grande ascensão ao Cebreiro com redobrado ânimo.
Las Herrerías |
A partir de Vega de Valcarze começam os desníveis, mas até Las Herrerrías não são mais do que um mero aquecimento para o que nos esperava. Só após cruzarmos a pequena localidade de Las Herrerías é que vimos a subida começar a sério. Nos 3kms que se seguem, até se atingir a povoação de La Faba, o peregrino tem de superar 300 metros de desnível. Estávamos assolados pelos nossos medos mas pura e simplesmente cerramos os dentes e investimos. Com muita calma fomos avançando, primeiro por uma pista asfaltada e depois por um pedregoso trilho, ladeado por frondosas árvores e muros dos quais o verdejante musgo fez a sua casa.
Agora sim, começavam as subidas a sério! |
Para os peregrinos que seguem a pé acabou-se a estrada por hoje. Os bicigrinos devem continuar pela estrada asfaltada. |
Um trilho idílico, saído de um conto de fadas |
La Faba, um bom lugar para uma merecida pausa! |
Após uma curta pausa em La Faba, para recuperar o fôlego e energizar o corpo, voltamos a afrontar a subida. Faltavam agora 5kms para alcançar o Cebreiro e mais 350 metros de desnível para superar.
A dureza da subida continua, mas o corpo mantém-se anestesiado pelo esplendor que nos rodeia, pois à medida que vamos subindo somos brindados com maravilhosas paisagens panorâmicas sobre os montes em redor. O espírito como que flutua!
Custa muito a subir… |
… mas somos recompensados com esta fantástica vista panorâmica (cliquem na imagem para aumentar) |
I´m the king of the world – versão peregrina |
É com a moral em alta e os olhos marejados de lágrimas que nos despedimos de León y Castilla e abraçamos a última província do Caminho Francês, a tão aguardada Galiza.
Olá Galiza! Até que enfim que te pomos os olhos em cima 🙂 |
Apenas um quilómetro depois chegávamos ao final de mais uma etapa. O castiço povoado O Cebreiro, com as suas típicas palhoças, dava-nos as boas vindas.
151??? É mais 163 but… who´s counting! |
Após um retemperador almoço, marcado por reencontros, vagueamos pelas empedradas ruas da pequena localidade, admirando as suas reconstruídas palhoças, as ovais casas de pedra com tetos cónicos de palha. É tudo um pouco plástico, para turista ver, mas ainda assim é uma terreola agradável.
De seguida rumamos à pré-românica igreja Santa María la Real para assistir à missa e prestar a justa homenagem ao Padre don Elías Valiña, que aqui está sepultado. Para quem não sabe o Padre Elías foi, não só um grande impulsionador do Caminho de Santiago, mas também o inventor das famosas setas amarelas (“Flechas Amarillas” no original castelhano) que conduzem os peregrinos até Santiago.
Igreja Santa María la Real |
A merecida homenagem ao Padre Elías, um dos grandes impulsionadores do Caminho e “inventor” das famosas Setas Amarelas |
Foi ele, que em 1980, iniciou as tão valiosas marcações, para evitar que os peregrinos de perdessem no Caminho, e que mais tarde se estenderam a todos os caminhos que levam a Santiago. E porque são as setas amarelas e não de outra cor qualquer? Simplesmente porque as primeiras a serem pintadas foram feitas com o resto da tinta de marcação de umas obras na estrada, que os trabalhadores ofereceram ao Padre Elías.
Terminamos o dia usufruindo das esplendorosas vistas sobre os montes leoneses, que havíamos atravessado, e sobre os montes galegos, que nos aguardavam, não deixando de brindar a mais uma conquista! Saúde!
Etapa Anterior: De Ponferrada a Villafranca del Bierzo
Etapa Seguinte: De O Cebreiro a Fillobal
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Oh… Que lindas e felizes carinhas!!! 🙂 🙂 🙂
Bonita crónica a de hoje!
Beijinhos!
Que belo relato :)e que paisagens…se o caminho fosse só isso, mas há tantos espinhos. Lá está, temos sempre que enfrentar os "picos" e os "vales" da vida.
Abraço
Isabel
Olá Clara! Com um dia bonito como o que tivemos não há como não sorrir 🙂 Ficamos contentes por teres gostado do relato de hoje.
Beijinhos nossos
Olá Isabel. É bem verdade o que dizes. Não há rosas sem espinhos e depois de uma subida vem sempre uma descida. Mas lá no fundo é esta "ondulação" que dá cor à vida. Acabava por ser "aborrecido" se a vida fosse sempre plana, como à Meseta 🙂
Abraços nossos
É melhor começar o caminho de ponferrada ou vila franca del bierzo?
Se tiver tempo comece em Ponferrada. A cidade tem uma enorme tradição Jacobeia e o Castelo dos Templários merece visita.
Bom Caminho!