De Villamayor a Torres del Rio (20km)

146km percorridos

667km para Santiago

Saímos bem cedinho do albergue de Villamayor, ainda mal o sol mostrava o ar da sua graça, para encetarmos uma jornada que seria supostamente fácil.

De facto, tínhamos estudado o perfil do percurso e parecia apresentar poucos declives acentuados.

Estávamos animados, bem-dispostos e com muita força, e um sol resplandecente prometia brilhar naquele 13 de Maio e dar-nos energia para mais uma etapa.
Mas, logo na primeira pausa, uma nuvem negra começou a pairar sobre nós: o Alexandre parecia ter uma bolha a formar-se no pé. As bolhas têm um efeito nefasto sobre estes dois peregrinos. Para além de serem dolorosas e incómodas, despertam um medo que nos assola desde a nossa primeira peregrinação (dessa vez, o Alexandre tinha os pés forrados de bolhas). Esse medo vai-se alimentando da ansiedade e revolta que se instalam, até se tornar em pânico. O espírito vai-se abaixo, a dúvida invade-nos, a força de vontade desce dos 75% para zero. Não foi preciso muito tempo até nos sair a frase “É o fim do Caminho”!

Sobrestimamos a “facilidade” da etapa e menosprezamos os pequenos detalhes que tornam 20km numa “travessia pelo deserto”: retas infindáveis sem uma única sombra para nos proteger dum calor crescente, apenas uma povoação para reabastecer de água, sem sítios para descanso, e, para fechar em beleza, os 4km de asfalto em plena hora do braseiro. Tínhamos menosprezado o Caminho e Alguém nos enviava uma mensagem de aviso.

Quando os medos tomam conta do peregrino, são capazes de destruir em segundos toda a preparação física e mental que se andou a construir durante meses.

Chegar a Los Arcos foi tarefa difícil, mas lá chegámos, com a ajuda de Nossa Senhora. Impunha-se descansar e alimentar o corpo, sossegar e reforçar o espírito. Um bocadillo de jámon e uma cerveja fresquinha foram a solução para o primeiro, um diálogo de motivação e alento ajudaram no segundo.

Igreja de Santa Maria, Los Arcos

Ainda faltavam 8km até ao fim da jornada. Foram mais de duas horas.

O fim da etapa já estava à vista… Julgávamos nós!
Nada como acabar o dia em beleza… um troço de asfalto para arruinar os pés!
Só podia ser Torres del Rio… Mas não era.
Sansol?! Mas onde é que está Torres del Rio???

Com mazelas no corpo e no espírito, lá chegámos a Torres del Rio.

Igreja do Santo Sepulcro, em Torres del Rio, templo octogonal do séc.XII

As restantes horas do dia foram passadas a “sarar” na Casa Mariela, onde fomos tão bem recebidos pelo Fernando, um boliviano com um coração enorme, um sorriso sincero e uma disponibilidade espetacular.

E foram pequenos sinais ao longo destas horas que nos levaram a olhar para o dia seguinte com novo alento!

Etapa Anterior: De Vilatuerta a Villamayor de Monjardín
Etapa Seguinte: De Torres del Rio a Logroño


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4 COMENTÁRIOS

  1. As bolhas são de facto um grande factor de desalento mas perante este propósito de tão grande peregrinação, há que tomar novo animo e estou confiante que vão conseguir e que terão pela frente etapas bem melhores! Que bom que deve ser encontrar grandes corações pelo caminho, quer caminhando ao vosso lado quer nos albergues nos momentos de retemperar força!!!

  2. E daqui, ao ler as vossas crónicas, parece tudo tão fácil, tão bonito, o céu de azul indescritível…!
    Mas quem falou em desistir, afinal?!!! 🙂

  3. Olá Abelha Rainha! As bolhas deitam-nos sempre abaixo devido à má experiência que tivemos na nossa primeira peregrinação a Fátima (que muito contribuiu para termos desistido). Mas tivemos de combater esse e muitos outros medos neste Caminho! Felizmente o Amor udo vence 🙂
    Bjs

  4. Olá Clara. Agora que olhamos para as fotos também esquecemos um pouco todas as dores e dificuldades. Mas felizmente temos os diários que não nos deixam esquecer o que sentimos na altura. E o Caminho teve de tudo, foi verdadeiramente mágico!
    Desistir??? Só podemos dizer que foi muto bom não termos ficado por Torres del Rio 🙂 Segue-se mais um capitulo da nossa peregrinação dentro de poucos minutos!
    Bjs

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