Visitar Goa Velha – Romaria e Lugares a não Perder

Visitar Goa Velha

Goa Velha foi um dia jovem, bela e desejada. Foi capital rica e porto internacional próspero. Foi o centro da evangelização do Oriente. Foi o coração do Império Português do Oriente. Hoje, Goa Velha é uma cidade menor à beira da estrada com cerca de cinco mil almas como habitantes.

A costa ocidental da Índia era um ponto estratégico muito cobiçado nas rotas comerciais marítimas. O porto de Goa Velha, construído no século XV pelo Sultanado de Bijapur, era um dos melhores portos na rota das especiarias da Índia. Com a chegada dos portugueses, liderados por Afonso de Albuquerque, a cidade conhece uma prosperidade sem igual. Ao longo dos séculos XVI e XVII a população aumenta exponencialmente atraída pela riqueza gerada e fama alcançada. O investimento na cidade é tão grande que compete em grandeza, demografia e importância com Lisboa. Goa vê pela primeira vez edifícios grandiosos: palácios, mansões e igrejas, muitas igrejas, de traçado ocidental. O mundo passa a designá-la de “Roma do Oriente”, o núcleo da evangelização por terras orientais. Em 1835 a cidade tem um fim tão meteórico como a sua ascensão. As epidemias dizimam a população e o assoreamento do rio que alimenta o porto traz a ruína do comércio. Goa é abandonada.
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Os palacetes das famílias portuguesas endinheiradas, as grandes quintas e as mansões não resistiram à inclemência do clima húmido, à ruína das fortunas e ao abandono. Da cidade original do período de domínio português permanece apenas a herança religiosa: as igrejas de pedra e a igreja humana. goa-velha-cruzeiroUma das coisas que mais nos impressionou quando visitámos Goa Velha foi constatar a quantidade de edifícios religiosos de tão grande imponência num espaço tão pequeno. O que até é vantajoso para quem visita, uma vez que o Conjunto de Igrejas e Conventos de Goa é facilmente percorrido a pé. Segundo a Unesco, “as igrejas e conventos de Goa ilustram a evangelização da Ásia. Estes monumentos foram determinantes na difusão dos estilos artísticos manuelino, maneirista e barroco por todos os países da Ásia onde se estabeleceram missões religiosas.” O estado de preservação é exemplar atendendo que estamos na Índia e toda a cidade desapareceu no espaço de um século. Talvez o facto de serem edifícios sagrados tenha contribuído para tal. Vamos então conhecer as pérolas de Goa Velha.

O Melhor de Goa Velha – Locais a não perder

Basílica do Bom Jesus

goa-basilica-bom-jesusA Basílica do Bom Jesus tinha que estar em lugar de destaque. Salienta-se não só por ser o mais emblemático edifício religioso de Goa Velha. Salienta-se sobretudo por ser distinto das outras igrejas tanto pelos materiais de construção – basalto e laterite, no seu tom avermelhado – como pela sua estrutura. A maioria dos visitantes de Goa Velha vem à cidade para ver este monumento, uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. Do lado direito do transepto, numa capelinha adornada, encontram-se as relíquias de São Francisco Xavier, o missionário jesuíta que mais contribuiu para a evangelização da Ásia, daí ser conhecido como o “Apóstolo do Oriente.”

goa-urna-sao-francisco-xavierA Basílica do Bom Jesus no dia 3 de dezembro está para os peregrinos católicos de toda a Ásia como Fátima está para os portugueses no dia 13 de maio. São milhares e milhares de peregrinos, em filas intermináveis, que esperam a sua oportunidade de ver a urna sagrada e prestar a sua homenagem ao santo. Viemos de propósito no dia da romaria para podermos ver como sobrevive a fé católica por estas paragens. Não estávamos à espera de tão grande número, confessamos. O culto a São Francisco Xavier tem ainda uma intensidade notável na vida religiosa da Índia.

Sé Catedral de Goa

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A Sé Catedral de Goa, também conhecida como Sé de Santa Catarina, é um dos elementos constituintes do conjunto religioso Igrejas e Conventos de Goa e sede da arquidiocese de Goa e Damão. Considerada a maior igreja construída pelos portugueses em todo o mundo, é a prova clara da vontade do Portugal dos Descobrimentos em impressionar o mundo. Foram precisos mais de 50 anos para concluir a sua construção. O estilo arquitetónico é de inspiração maneirista, como era típico nas construções religiosas portuguesas da época. Uma tempestade destruiu a torre direita em 1766 que não voltou nunca a ser reconstruída. O interior é duma beleza impressionante. O retábulo do altar em talha dourada acolhe uma imagem da Santa Catarina de Alexandria a quem a igreja é dedicada. Nas naves laterais há altares a outros santos e a pia batismal do século XVI foi utilizada por São Francisco Xavier.

Convento e Igreja de São Francisco

goa-igreja-sao-franciscoA Ordem Franciscana estabeleceu em Goa a sua casa-mãe para realizar a missão de evangelização no Oriente. A construção da igreja foi iniciada em 1518. Do edifício original de estilo manuelino só resta o portal. Alguns dos materiais de construção foram reaproveitados dum templo hindu destruído. Em 1521 a construção do convento deu-se por terminada. Vinte anos depois, São Francisco Xavier visita um Convento de São Francisco de Assis que de oito monges medrara para quarenta. O que vemos atualmente é a estrutura em estilo barroco iniciada em 1661. O interior da igreja anexa ao convento é provavelmente o mais admirável do complexo religioso de Goa onde podemos apreciar os altares de talha dourada e pinturas com cenas da vida do santo.

Capela de Santa Catarina

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Diz-se que esta foi a primeira capela a ser construída na Índia em homenagem à reconquista de Goa aos muçulmanos por Afonso de Albuquerque. A capela é muito singela. De construção retangular, é composta por apenas uma nave. As várias intervenções de reconstrução a que teve que ser submetida ao longo dos anos retiraram-lhe muito do aspeto original. Porém, é prova das primeiras construções religiosas mais modestas e despojadas de ornamentação.

Igreja da Divina Providência e Convento de São Caetano

goa-igreja-divina-providencia-convento-sao-caetanoErguida entre 1656 e 1661 pelos monges teatinos da Ordem de São Caetano, esta é a igreja menos portuguesa do conjunto religioso de Goa Velha. O desenho da igreja foi entregue a dois arquitetos teatinos italianos e o estilo arquitetónico dominante é o barroco. Do lado esquerdo da igreja vemos a ala do convento da ordem monástica. Os monges teatinos foram enviados em missão de evangelização à Índia pelo Papa Urbano VIII. Estabeleceram-se em Goa mas a relação com os órgãos de decisão portugueses foi conturbada. Depois de muita negociação, D. João IV lá permitiu aos monges fundarem um hospício para prestar cuidados aos doentes. Anos depois, é dada autorização para a construção do convento e igreja.

Ruínas da Igreja de Santo Agostinho

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A missão de evangelização das Índias que Portugal assumiu vivamente trouxe muitas ordens monásticas ao território. A chegada dos Agostinianos a Goa Velha ainda no século XVI trouxe, para além dos missionários, mais uma igreja e convento. Do conjunto já pouco resta uma vez que tudo parece ter ruído durante o século XIX. Resta apenas uma única fachada duma torre que nos permite deduzir a dimensão da Igreja de Nossa Senhora da Graça que estaria na base. Para além disso, podemos ainda percorrer as ruínas onde se podem ver vestígios do que existiu em tempos idos.

Estas são as edificações religiosas mais emblemáticas, mas não são as únicas do conjunto de Igrejas e Conventos de Goa listado como Património da Humanidade pela Unesco. Restam ainda a Igreja de Nossa Senhora do Rosário cuja construção sólida faz lembrar uma fortaleza, e a capela de Nossa Senhora do Monte donde se tem a melhor vista sobre a cidade.

Arco dos Vice-Reis de Goa

goa-arco-vice-reisE para fechar este artigo, não podíamos deixar de destacar o Arco dos Vice-Reis de Goa. Para além das placas que testemunham momentos chave da presença dos portugueses naquele território e louvores a figuras iminentes, é encimada por uma figura de Vasco da Gama do lado virado ao rio e duma imagem de Santa Catarina na fachada virada para terra. A construção é atribuída a um bisneto do navegador, depreendendo-se que o Arco dos Vice-Reis seria uma homenagem ao feito marítimo capitaneado por Vasco da Gama.

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Se nas nossas viagens houver a possibilidade de conhecer um elemento do legado português espalhado pelo mundo, nós fazemos tudo para conseguir lá chegar. Conhecer Goa, a província, a cidade velha e a cidade nova, era por isso incontornável. Conseguir visitar Goa Velha em dia da maior romaria católica de toda a Índia, e talvez da Ásia, foi a cereja no topo do bolo. Admitimos que estávamos curiosos para perceber como conciliavam as pessoas duas práticas religiosas tão distintas. Afinal a “nova fé” foi introduzida por estrangeiros, conquistadores e colonizadores e a religião hindu estava mais do que enraizada. Concluímos que, como em muitos outros lugares do globo, o esforço missionário teve que conciliar e fazer cedências para que novos convertidos aderissem à fé cristã. Por isso, uma vela ardendo ao lado de uma grinalda de calêndulas não é atípico.

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Lembrando-nos as romarias portuguesas, erguem-se bancas nas ruas adjacentes aos locais de culto que vendem santinhos e rosários a par do incenso e grinaldas coloridas. Estão também presentes as bancas de comes e bebes que nos atrevemos experimentar.

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As famílias espalham-se pelos amplos relvados que permeiam o conjunto religioso aproveitando uma qualquer sombra para montar o seu piquenique. Após o almoço, os mais velhos descansam à sombra, os gaiatos correm pelo espaço aberto. O dia divide-se entre os pedidos de graças perante a urna sagrada de São Francisco Xavier, assistir à celebração eucarística que constitui o centro da romaria, o convívio e reencontro do maior número possível dos membros da família à volta da “mesa” e uma visita a todas as igrejas e capelas de Goa Velha. Ao fim do dia, arruma-se a tralha, coloca-se tudo na bagageira do carro e libertam-se os lugares de estacionamento improvisados em qualquer recanto da cidade. Para o ano, se São Francisco quiser, estarão todos de volta.


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