No passado Outubro participámos no 2º encontro de bloggers organizado pela Concellería de Turismo de Lalín, uma iniciativa para a promoção e dinamização do turismo no município situado na Galiza. Para além do caloroso acolhimento que a Concellería de Turismo de Lalín nos reservou, tivemos a oportunidade de conhecer e partilhar momentos inesquecíveis com um grupo estupendo de bloggers da Espanha e de Portugal.
Na verdade, tínhamos um conhecimento superficial de Lalín. Pouco mais sabíamos além de ser um ponto de passagem do Caminho de Inverno e do Caminho Sanabrés para os peregrinos de Santiago de Compostela.
Contudo, Lalín é como uma caixa de bombons de chocolate. Cada pequeno detalhe contém um sabor próprio cuja satisfação advém de ser desfrutado aos poucos.
Foi um fim de semana passado no meio de “moi boa xente”, parafraseando o político e escritor galego Ramón de Valenzuela. As pessoas impressionam pelo trato amável e pela dedicação que colocam em cada coisa que fazem.
Vamos então levá-los a conhecer esta vila, uma ilustre desconhecida do interior da Galiza que atrai, encanta e conquista.
Conteúdo deste Artigo
Porquê visitar Lalín?
O município de Lalín não consta dos grandes roteiros de turismo e por isso preserva toda a sua autenticidade. Lalín tem milénios de história nos dólmenes e antas escondidos nos campos de pastoreio. Tem uma cultura castreja de que se orgulha e esforça por preservar. É a capital do famoso e delicioso cozido de Lalín. E qualquer lugar recebe os visitantes de braços abertos, um concelho que cultiva a amizade.
Mas as razões não se ficam por aqui. O espaço urbano da vila é agradável e atrativo, com as suas praças e esplanadas vivas e dinâmicas. A marginal do rio, o Paseo do Pontiñas, é o lugar perfeito para uma caminhada relaxante. O comércio adequa-se a todos os gostos com enfoque nos produtos locais de boa qualidade, têxteis e artesanato. Os amantes da gastronomia local encontram em Lalín um manancial de experiências – comida preparada com carinho e em doses muito generosas.
O município promove-se sob o slogan de “Lalín, Un Interior Único”. E nós confirmamos. Em termos de turismo de natureza a oferta é imensa. O concelho tem trilhos de montanha que nos conduzem a pontes medievais, carvalhais e soutos de castanheiros de vegetação luxuriante, espaços de lazer cujas sombras são pura sedução para um piquenique em família. Na terra dos dez mil regatos, a aldeia de Vilatuxe guarda uma das melhores praias fluviais da Galiza, a praia de Poza do Boi.
Quando visitar Lalín?
É possível visitar Lalín todo o ano. O clima não é muito rigoroso classificando-se como quente e temperado. Novembro e dezembro são os meses mais chuvosos e julho o mais seco e quente.
Sendo um destino rural, é ideal para quem procure sossego e tranquilidade para um merecido descanso enquanto pode ainda desfrutar do interessante passado histórico e cultural desta região desconhecida da Galiza. Portanto, Lalín é um destino adequado para um fim de semana prolongado ou uma calma semana de férias em qualquer altura do ano.
Em termos de eventos, no Entroido, o carnaval lalinense enche-se de cor e folia com os tradicionais cacharelos. No domingo anterior ao de Carnaval, tem lugar a cinquentenária Feira do Cocido onde vários restaurantes competem pelo prémio do melhor e mais autêntico cozido de Lalín. Os meses de verão são dinamizados com muitas feiras etnográficas e mercados pelas paróquias do concelho. No turismo religioso, Lalín dá cartas com as Festas Patronais das Dores em setembro. No outono, Lalín convida os amantes das caminhadas aos passeios pela natureza decorada a rigor com as cores outonais.
O que ver e fazer em Lalín?
Os pontos de interesse de Lalín reúnem castros milenares, solares seculares, arquitetura moderna e museus temáticos e etnográficos únicos na Galiza. Dentre os marcos religiosos, o município reúne igrejas dalgumas das suas paróquias que vão desde o estilo românico ao barroco e os cruzeiros são pontos de referência. Uma das maiores riquezas são os espaços naturais da região que convidam às caminhadas e lazer.
Castro Tecnolóxigo
Na tentativa de centralizar os serviços públicos de Lalín, surge o Castro Tecnolóxico. Um moderno edifício que impressiona por ser todo em forma circular, uma casa sem cantos, literalmente. A inspiração dos arquitetos premiados Luís M. Mansilla e Emilio Tuñón veio dos castros que constituem o passado pré-românico dos povoados da zona.
Castro Deza
Um centro de interpretação da cultura castreja que se situa no Castro Tecnolóxico e que procura a preservação do património cultural da região. O espaço foi criado com a intenção de valorizar e divulgar a milenar cultura castreja da comarca de Deza. Através das novas tecnologias, neste museu virtual podemos conhecer os castros já descobertos (32), algumas lendas e a gastronomia doutros tempos que inspira a atual.
Pazo de Liñares
A região detém algumas das casas senhoriais mais emblemáticas da Galiza. Destacamos o Pazo de Liñares, um dos mais imponentes do Deza. Situa-se na povoação do Prado, é de estilo barroco e data dos finais do séc. XVII. Alberga o fantástico Museo Galego da Marioneta e a maior biblioteca de Espanha sobre o tema.
Dentre as famílias eminentes que habitaram o Pazo de Liñares contam-se os Taboada. Aqui nasceu Joaquín Loriga Taboada, o aviador espanhol que realizou a primeira viagem que uniu Espanha a Manila, nas Filipinas. Numa das salas do solar, podemos conhecer os detalhes desta façanha.
Museo Casa do Patrón
Este museu etnográfico reúne um acervo de mais de 4000 peças expostas em várias salas da povoação de Codeseda. As salas contemplam os ofícios e tradições da região do Deza, bem como uma escola e um conjunto de achados arqueológicos resultantes de escavações recentes na zona. É um museu privado que tem como estrela o Castro de Doade.
O castro de Doade é um dos mais enigmáticos uma vez que possui um sistema de defesa demasiado robusto e evoluído para a sua pequena dimensão. Em escavações recentes foram descobertos dois fossos defensivos profundos no exterior duma muralha sólida com 7 metros de largura em alguns pontos.
Altar do Sol e Mámoas de Alperiz
Por entre os montes e campos de pastoreio da comarca de Deza escondem-se verdadeiras preciosidades pré-históricas. São monumentos fúnebres megalíticos que datam do período neolítico e testemunham a vida humana de há 5000 anos atrás. É o caso do Altar do Sol, que se identifica pelo círculo esculpido na pedra da cabeceira, e da Mámoa da Cruz, um monumento singular pois a cabeceira apresenta baixos-relevos serpentiformes.
Infelizmente, estas antas não estão intactas: as pontas dos ortóstatos foram partidas e provavelmente fazem parte dalgum muro da zona; as mesas nem dão sinais de existência. Das sete antas catalogadas nos anos 80, apenas sobram três já que as restantes foram impiedosamente cilindradas recentemente pelos proprietários das terras.
Já em 1609, por licença real, dólmenes e antas de toda a Galiza foram saqueados em busca de possíveis tesouros para encher os cofres do reino. Isto levou a que até os camponeses arriscassem a vida pela quimera do ouro enterrado. Este período é hoje designado da “febre do ouro” e destruiu um legado histórico irrecuperável.
Área de Lazer de Mouriscade
Recentemente recuperada, esta área é ideal para um prazeroso descanso. Espaço preparado para satisfazer bons momentos em família com condições para fazer um piquenique ou uma churrascada. E se esta for farta, há dois trilhos prontinhos para “desmoer a barrigada”. O rio Asneiro dá-lhe um toque de frescura e embeleza o quadro, já de si romântico, com o verde luxuriante e as frondosas sombras das árvores.
Souto de García Sánchez e Carballeira do Rodo
Evasão. É a palavra que melhor descreve a sensação que este espaço verde nos transmite. Frondosos carvalhos e castanheiros, alinham-se na perfeição com a mesa paroquial de 33 metros de comprimento. Os gigantes seculares, como anciãos vigilantes, conferem ao espaço um colorido estonteante com a metamorfose das estações. O outono em Lalín parece tirado dos livros de histórias fantásticas e este souto é prova viva disso mesmo.
A Fonte, escultura da autoria de Sergio Portela, chama imediatamente a nossa atenção. As quatro figuras em bronze são como seres em metamorfose, uma mutação semi-humana e semi-animalesca. Uma mutação dorida e morosa.
Fraga de Catasós
Este souto reúne alguns dos castanheiros e carvalhos mais altos da Galiza atingindo cerca de 30 metros. Por isso mesmo, e sendo uma das áreas verdes mais densas e intactas, foi declarado Monumento Natural. Nesta fraga pode desfrutar dum pequeno trilho didático circular ao longo do qual encontra painéis informativos sobre a flora e fauna do souto.
Ponte dos Cabalos
A ponte medieval data de 970, é das poucas pontes medievais sobreviventes da região e testemunho de momentos marcantes da história da Galiza. A Ponte dos Cabalos liga as margens do rio Arnego e é acessível após uma curta caminhada desde a aldeia de Parada.
Onde comer em Lalín?
Prepare-se! Para além do famoso Cocido de Lalín, a gastronomia do município demarca-se pelos produtos hortícolas locais, os enchidos e carnes elaboradas de alta qualidade e, como um dos maiores produtores de leite da Espanha, variados queijos de paladar intenso.
Graças às condições naturais da região, o mel é outro dos produtos que ocupa lugar de destaque. O pão de Lalín tem um sabor ímpar e os bolinhos são perfeitos para adoçar a boca. E para rematar uma farta refeição nada como um bom oruxo. Tudo isto pode encontrar na Rua Joaquín Loriga na feira “Se é de Lalín é bo” aos domingos.
Restaurante Cabanas
Serviço irrepreensível e o melhor restaurante para comer cocido de Lalín. As doses são generosas com tudo a que um “bo cocido” tem direito. Quando ouvir os empregados avisar para guardar espaço para as sobremesas, oiça com atenção. É que são 7 sobremesas tradicionais a que não vai resistir. Ou até mesmo 8.
Casa Currás
Para tapear ou comer um cocido inspirado na receita da avó, nada como dirigir-se à Praza da Igrexa e entrar neste restaurante premiado. Sugestão: não deixe de provar a tapa galardoada do Deztápate de 2017 e a croqueta de chipiron. Ao olho parecem simples, mas no paladar são divinais.
JJ Lalín
Mesmo em frente ao monumento dedicado ao aviador Joaquín Loriga, JJ Lalín é o lugar para observar a movimentação do quotidiano lalinense. Aproveite para tomar um cortado na esplanada e descansar os pés depois das compras ou da exploração do casco urbano da vila.
Restaurante Asturiano
Se procura os melhores pratos de peixe fresco vindo da costa galega, o restaurante Asturiano é o local de eleição. Os pratos de peixe e marisco são de qualidade, de confeção simples mas de sabor intenso. Não perca a caldereta de peixe.
A Cunca
A Cunca é restaurante e vermuteria. O local escolhido pelos lalinenses para beber um vermute antes do tradicional cocido de domingo. A seleção de vermutes é imensa, peça sugestões aos simpáticos empregados. Famoso pelas cazolas e tortillas.
Fogar de Breogán
Mais deslocado do centro de Lalín, na aldeia de Santiso, encontra este restaurante cuja especialidade são as carnes grelhadas em sistema de rodízio. Vale a pena a deslocação pela experiência de assistir ao Conxuro da Queimada. Uma experiência… de arrepiar os cabelos.
Onde dormir em Lalín?
Hotel Spa Norat Torre Do Deza
Sofisticado, moderno e com um ambiente amplo e espaçoso. Como o próprio nome indica, aqui pode deliciar-se com todas as comodidades de um spa. Queime calorias no centro de fitness e siga para uma sauna ou banho turco. A sessão de spa continua com uma gama de massagens e tratamentos relaxantes. O Hotel Spa Torre do Deza dispõe ainda de restaurante e bar para degustar umas tapas. Apresenta uma ótima relação qualidade-preço.
Pazo de Bendoiro
O solar do século XVI Pazo de Bendoiro, recentemente renovado, tem todas as comodidades de um hotel de cinco estrelas. Restaurante, bar, sala de banquetes, piscina, campo de ténis, spa e sauna. A decoração cuidada transporta-nos às casas senhoriais doutros tempos. Situado na aldeia de Bendoiro, o paço está implantado numa quinta com vistas estupendas sobre os campos e montes. Adormeça num quarto digno dum rei e desperte ao som dos passarinho e da natureza em estado puro.
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Un post fantástico!
Ficamos muito contentes por terem gostado. Graciñas
Olá, tb adorei. A ultima vez que fui, foi num mês de Dezembro. Chiveu a potes, mas vale sempre a pena. Não andei a pé quase nada lol, mas ainda conheci os locais mais importantes. É uma caixinha de surpresas. Fui lá parar porque um amigo de uma amiga é de lá….confesso que “fui naquela”…mas depois fiquei a adorar. Beijinhos e Parabéns. Muitíssimo bom, o artigo. Aliás são sempre excelentes. Beijinhos
Muito Obrigado Ana. Lalín encanta e inspira. É mesmo uma caixinha de surpresas 🙂 Agora vais ter de voltar com bom tempo para explorares os seus fantásticos bosques. E olha que são mesmo muitos. beijinhos nossos
¡Bravo! Una guía muy completa de Lalín.
Muchas Gracias Beatriz 🙂