Para um católico uma visita à cidade santa de Jerusalém é muito mais do que apenas uma viagem geográfica. É acima de tudo uma viagem espiritual que tem como ex libris percorrer a Via Dolorosa em Jerusalém.
Chegara o momento de atravessar a Muralha e dar os primeiros passos dentro da Cidade Velha de Jerusalém. Os nossos passos levaram-nos à Porta de Sto. Estevão (também conhecida como a Porta dos Leões por causa dos quatro leões esculpidos na muralha). Sente-se o peso da idade e da História nas pedras da calçada polidas pelo uso, nas fachadas dos edifícios que bradam a sua velhice, nos pequenos detalhes que clamam pertença aos povos invasores e aos conquistados. É aqui que começa a Via Dolorosa em Jerusalém.
Há alguma controvérsia acerca do verdadeiro percurso que Jesus terá percorrido pelas ruas de Jerusalém desde a Sua condenação até ser sepultado. Mas, convidamos os nossos leitores a acompanharem-nos nesta Via Crucis clássica numa perspectiva diferente.
Via Dolorosa em Jerusalém
Condenado pelos homens
1 – Pôncio Pilatos comparece perante a multidão de judeus. Era o tempo da Páscoa. Como costume, alardeava a clemência romana soltando um preso. Perante a turba de ânimos exaltados exibe o salteador Barrabás e Aquele que se dizia “rei dos Judeus”. Que blasfémia! A multidão pede a libertação do criminoso. “E o que faço a Este?” – “CRUXIFICA-O! CRUXIFICA-O!” Quanta insensatez na humanidade!
2 – “Lavo daqui as minhas mãos”. E entregou-O aos judeus. Num ápice, trazem o madeiro pesado onde Lhe atam as mãos a cada extremidade. Era urgente condenar e executar o blasfemo pois a sua religião proibia “sujarem as mãos” durante a celebração da Páscoa. Quanta atrocidade humana nos nossos juízos precipitados!
O Homem e os homens
3 – O espírito é forte, mas o corpo é fraco. E verga-Se sob o peso do madeiro. Cai. Pela primeira vez. Empurrado pela turba que assiste ao espectáculo e escarnece do seu “rei”. Mas o Homem toma sobre si toda a injúria e ergue-Se. Quanta culpa humana nos verga!
4 – “Mãe!” Destroçada pela dor, a Mãe não abandona o Filho, nem nesta hora em que a dor é como lança dilacerante trespassando-lhe o coração. Os olhares cruzam-se e não são precisas palavras para Mãe e Filho compreenderem o tormento um do outro. “Meu Filho!” Quanta mãe sofre pelos seus filhos!
5 – Ninguém se compadece? Vendo que o Homem não se despacha e fraqueja sobre o pesado madeiro, agarram no camponês que passa e obrigam-no a carregar o madeiro. Só Simão de Cirene parece apiedar-se da Sua condição e toma também o peso do madeiro sobre si. “Apoia-Te em mim!” – “Obrigado!”. Quantas vezes deixamos os outros ao abandono!
6 – Entre a multidão, uma mulher atreve-se a aproximar-se do condenado. Verónica. Com um simples gesto, limpa o rosto do Homem coberto de sangue e suor. Mais do que o rosto gravado no lenço, é o rosto do sofrimento estampado na memória. Quanto esquecimento votamos aos que sofrem!
7 – As forças falham. Cai. Pela segunda vez. Já não será apenas o madeiro que Lhe pesa. Mas, ainda que prostrado por tanta infâmia daquela turba, ergue-Se pela segunda vez. Quanta falta de coragem nos domina na dúvida!
8 – As mulheres piedosas de Jerusalém choram o Homem condenado. “Não choreis por Mim, mas por vossos filhos.” Não escutaram. Não perceberam. Geração após geração, seria testemunha do mal que o homem é, foi e será capaz. Quantas vezes nos fazemos de surdos perante o pedido de socorro!
9 – É demasiado o peso a carregar sozinho. Cai. Pela terceira vez. Sabe que O espera a morte. A morte às mãos dos homens. Não a merece. Ainda assim, vai buscar aquela estranha coragem que O move e ergue-Se. Quanta morte ficou impune porque fechámos os olhos!
A Entrega
10 – Despojam-No da Sua túnica. Despem-No de toda a dignidade. Como abutres, cobiçam as Suas vestes. Um mal-afortunado ganha um pedaço de tecido ao jogo, inconsciente que jogava a dignidade do Homem. Quantas vezes a dignidade humana é aviltada como um entretenimento!
11 – O madeiro. Um martelo. Três cravos. Um atravessa a mão direita, outro a mão esquerda. O terceiro aguarda. Quando o madeiro estiver matematicamente horizontal, cravam-Lhe ambos os pés no madeiro vertical. Uma tarefa que requer ciência. E muito requinte de malvadez. Quanto sofrimento é sadicamente prolongado!
12 – Último suspiro. Último sopro de vida. Uma morte desonrosa que a justiça dos homens apenas devotava ao pior dos criminosos. O dia torna-se tão escuro quanto a escuridão que habita os seus corações. Todos fogem de medo, horrorizados. Horrorizados pelo seu próprio acto.
13 – A Mãe recebe nos seus braços o corpo sem vida do Filho que lhe foi roubado cedo demais. Como suportar a dor quando se sobrevive aos filhos?
14 – Há que sepultá-Lo. Mais uma vez, a pressa. A pressa de apagar a atrocidade desta morte. Sepultar este Homem para esconder o crime cometido. O bom José de Arimateia cede o seu sepulcro. Preparam o corpo. Sepultam-nO. Choram a morte do seu Jesus.
Dúvida, angústia, desamparo, incerteza, medo, abandono, escárnio, calúnia, injuria, reprovação, humilhação, enxovalho, comiseração, desgosto, agonia, tormento… são dezenas as palavras que criámos para traduzir o sofrimento que provocamos nos outros.
Se gostaram deste artigo, não deixem de ler o nosso artigo sobre a Via Sacra em Jerusalém.
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Impactante este post.
Que maravilla Jerusalem. Si dios quiere mi peoximo destino.Enhorabuena.
Ola Carolmay. A cidade de Jerusalem surte esse efeito de impacto.
Bjs
Hola Javier. Boa sorte para a tua visita a Jerusalem. Vale bem a pena!
Abraços
Ainda bem que esta postagem sobre a "Via Dolorosa" foi colocada no FB, pois ainda não a tinha visto… Gostei mesmo muito de a ler e ver estas imagens nesta sexta Feira Santa!
Uma Santa Páscoa para vós!
Bjs
Olá Alexandrina. Muito obrigado. Ficamos conte tes. Por teres gostado. Uma Santa Páscoa para ti também.
Beijinhos
Puxa. Amei este site. Viajar o mundo é o meu sonho. E a qualidade com que escrevem é perfeita. Parabéns. Venham conhecer o Brasil.
Olá Leu. Bem vindo às "crónicas" e muito obrigado pelo seu feedback. Queremos muito ir conhecer o Brasil e já sabemos que vamos ter de ficar por lá muitos meses, para conseguirmos conhecer "apenas" os seus maiores highlights 🙂
Abraço
Olá… Cheguei aqui ao final de 2017, estarei em Jerusalém no início de 2018.
Emocionante postagem. Lindas palavras!!! Me preparando emocionalmente para sentir tudo isso aí.
Adorei o site. Já estou seguindo… Boas festas!!! Abração, Danielle
Olá Danielle,
Seja muito bem vinda. É um prazer tê-la a viajar connosco 🙂 Jerusalém é uma cidade muito especial e que desperta em nós muitas emoções. Vai ser uma viagem única!
Se precisar de alguma dica adicional é só falar. Boas festas e um grande abraço nosso