De Itero de la Vega a Población de Campos (18km)

camc368,5km percorridos

444,5km para Santiago

Mais um dia para nos maravilharmos com a imensidão da Meseta, a Tierra de Campos com as suas searas a perder de vista, o já habitual chilrear matinal dos passarinhos… e uma calma que se quis instalar logo de manhãzinha e acompanhar-nos ao longo do dia.

À saída de Itergo de la Vega, searas, papoilas, montes, um sol tímido… paz!

Canal de Pisuerga, abençoada água para tanto campo de cereal!

– Como vão essas forças? – 5 estrelas… perdão… 2 estrelas!

Uipi! Vamos descansar um bocadinho.

O primeiro troço foi longo, 8km, mas em menos de duas horas chegamos a Boadilla del Camino, o que nos deixou deveras animados.

A igreja de Nuestra Senõra de la Asunción, o pelourinho e o surpreendente Albergue En El Camiño

Em Boadilla faríamos a primeira pausa do dia. Como foi negado a todos os peregrinos o uso das casas de banho do albergue municipal, tivemos que andar à procura de outro poiso. Descobrimos um albergue bem simpático mesmo ao lado da Igreja Nuestra Señora de la Asunción e dum imponente e rendilhado pelourinho gótico.

Apesar de ser uma pequena localidade, Boadilla tem vários albergues para acolher os peregrinos. Contudo, não tinha os serviços que precisávamos para reabastecer de comida e farmácia. Já estávamos um pouco preocupados.

Animo!

Uau!

O Canal de Castilla, o espelho do céu

Umas centenas de metros à saída de Boadilla, tomamos o “andadero” que ladeia o Canal de Castilha, uma obra de engenharia da segunda metade do séc.XVIII cujo propósito era o de fazer chegar a massiva produção de cereais da região ao Mar Cantábrico, usando barcaças puxadas por bois. Hoje funciona como abastecimento de água de regadio.

E para estes dois peregrinos constituiu uma excelente variação na paisagem durante aqueles 3km que nos acompanhou.

Plataforma elevatória no Canal de Castilla, a única forma de as barcas superarem os 14m de desnível do canal, mesmo à entrada de Fromista

Num dia de poucos desníveis, as distâncias eram percorridas mais rapidamente. Depois das pistas pelos campos, entramos na zona urbana de Fromista, onde nos abastecemos de comida e medicamentos. Finalmente, ficamos sossegados com estas questões de logística que são mais complicadas na Meseta e nos vinham a preocupar há alguns dias.

Igreja San Martin, séc.XI

Após a pausa para almoço, havia tempo ainda para visitar a quase milenar igrega de San Martin, um exemplo perfeito de arquitectura românica do séc.XI com uma cúpula octogonal, duas torres cilíndricas e 46 antigos e interessantes capitéis no seu interior.

Palavras de encorajamento e ânimo dão nisto… sorrisos rasgados!

Também um grupo de turistas espanhóis visitavam o monumento, e ficámos surpreendidos quando se apressaram para nos apanhar na saída. É que queriam dar-nos palavras de ânimo e não resistiram a tirar umas fotografias.

Saída de Fromista e Población à vista

Um belo banco para descansar as pernas e uma bela sombra para nos proteger do sol

Estávamos tão cansados que não resistimos a um banco de madeira que encontrámos já no fim, apesar de Población de Campos, o destino final da nossa jornada, estar praticamente ao virar da esquina.

Chegar a Población e sermos recebidos pela Imaculada foi uma bênção. A Imaculada é uma daquelas pessoas que tem um coração de ouro. Tem um hostal, mas ainda tem à sua responsabilidade cuidar do albergue municipal. À noite, tinha um generosíssimo jantar preparado para os peregrinos. Sempre a correr, lá roubava uns minutos para falar connosco, e partilhou que, apesar do cansaço, aquilo era o que gostava mesmo de fazer na vida: ajudar os peregrinos.

Etapa Anterior: De Hontanas a Itero de la Vega
Etapa Seguinte: De Población de Campos a Carrión de los Condes

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